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escrevi um poema sanguinário
chamei-o de “ode aos açougueiros”
já de cara, sem dó nem piedade fui lá e
cortei do poema a perna do p
mandei num envelope pardo a orelha do livro
pedi resgate
não lido, enfiei fundo a faca no coração do til
e vi a cedilha escorrendo sangrando na página
sobrou à minha frente na mesa de aço
um poema manco
[com o coracao
[mutilado
.por robisson sete
Um comentário:
sem dó nem piedade, hein!
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