12 de jan. de 2009

A arte anda de ônibus
Projeto facilita acesso à arte através da frota de ônibus

A arte é uma criação humana feita para distrair, descrever, reflexionar, estimular, explorar novas formas de olhar e interpretar o mundo ao redor. Muitas vezes, é inspirada nas relações cotidianas cada vez mais marcadas pela agitação das grandes cidades.

Para acompanhar esse intenso movimento e devolver aos cidadãos a inspiração em forma de arte, o projeto ARTE NO ÔNIBUS, patrocinado pela CTBC, está colorindo a viagem de milhares de passageiros de ônibus de Uberlândia desde dezembro.

Foram afixados na traseira interna de 397 coletivos – 100% da frota - cartazes com reproduções de 20 obras de arte, entre artes visuais e poesias, confeccionadas em vinil e impressas digitalmente em formato 180 cm X 50cm.

A arte circulará pela cidade durante dois meses e, em seguida, serão realizadas uma exposição itinerante nos cinco terminais de ônibus locais com as obras afixadas em seis módulos executados em aço carbono pintado e a produção de um catálogo. “Acreditamos no sucesso do projeto em Uberlândia, haja vista sua ótima aceitação em Belo Horizonte”, comenta a coordenadora do projeto, Jerusa Azevedo.

A seleção das obras e os artistas

Modernidade, contemporaneidade, cotidiano e urbanismo foram alguns dos quesitos observados na escolha dos poemas. De acordo com Marco Túlio Morais, curador literário do projeto, foram selecionados 10 poemas, dos quais oito de poetas que vivem em Uberlândia e dois de uberabenses.

A prioridade foi dada àqueles em que são abordadas questões do cotidiano popular, em fuga ao elitismo e à noção estigmatizada de que em poesia se trata necessariamente de amor. “Esse projeto representa uma grande oportunidade para a população ter acesso à arte que chega até ela de forma inesperada e inserida em seu contexto. Não é preciso sair de sua rotina para ter contato com uma arte que pode transformar para melhor o dia-a-dia da população”, destaca Marco Túlio.

João Virmondes, curador de artes visuais do projeto, conta que outro critério de peso para a escolha das obras relaciona-se à valorização do artista local. “Trabalhamos com artistas que vivem em Uberlândia e descobrimos muitos talentos”, comenta. Ainda segundo Virmondes, as imagens selecionadas, em sua maioria fotografias, trabalham com o olhar de um telespectador que não tem o hábito de freqüentar exposições e que, repentinamente, é surpreendido por uma imagem que o faz mergulhar no espaço da arte.

Para Cleusa Maria Bernardes, que terá um poema circulando pela cidade e que sempre foi favorável à facilitação do acesso à arte, o projeto ARTE NO ÔNIBUS é uma das formas mais democráticas que conhece. “Quanto mais formas de suportes para a arte, melhor. E, nesse caso, o passageiro de ônibus terá acesso à arte como um presente, uma delicadeza em uma das horas mais estressantes de seu dia”, lembra Cleusa Bernardes.

Release cedido pela Serifa Comunicação, assessoria de imprensa do projeto Arte no Ônibus.


Veja abaixo, todos os trabalhos que estão passeando de ônibus:

Adriano Canas



Ana Reis



Bruno Ravazzi



Carlos Eduardo



Castor Assunção




Chico de Assis



Clarissa Borges



Cleusa Bernardes



Danislau Também



Eraldo Fábio Araújo



George Thomaz



Geórgia Teixeira



Júlio Cesar da Silva



Lucas Vieira



Marco Aurélio Ribeiro



Nicollas Ranieri



Paulo Lima Buenoz



Paulo Soares Augusto



Rodrigo Basi



Valéria Silva de Lima

Clique nas imagens para ampliá-las...

Um comentário:

Natália Beatriz disse...

Olá, Marco Túlio!

Acho esse projeto fascinante, inovador, popular, contemporâneo... desde antes, quando você comentou comigo a respeito. E penso que outros projetos desta natureza são urgentes!!!
Mas meu comentário segue entre o pessimismo e a reflexão. O projeto foi implantado em dezembro, não é isso? Estive em Uberlândia na última semana de dezembro e pra minha surpresa, as poesias já estavam todas rasgadas, amarrotadas, ilegíveis. E andei bastante de ônibus! Não encontrei nem umazinha inteira.
Seria o material fraco demais pro desgaste a que foi exposto? Desgaste principalmente causado pelos usuários – mesmo que apenas por uma parcela deles. Como resolver esse impasse sem perpetuar o discurso elitista nojento de que arte não é pro povão que não saberia “valoriza-la”?
Provavelmente não se tinha a intenção de que o material durasse tanto quanto os ônibus em circulação! Interferências urbanas não são como obras de museu, estão soltas na dinâmica da convivência. E certamente, mesmo sendo uma passagem breve pelo cotidiano dos passageiros, foi uma interferência importante.
Bem, estas são questões que me surgiram quando estava a bordo, sentada frente a uma sujeira de cola e papel, resultado material da interação com o público.
Passo outro dia pra fazer comentários mais otimistas (rsrsrs) se tiver um!
Um abraço!